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Direito a prioridade...

Uma coisa que ainda não aprendi, foi me fazer valer do direito da prioridade que Pedrinho tem (por ser considerado espectro autista) em qualquer serviço de atendimento que ele venha a necessitar. Uma coisa que não gosto é passar na frente das pessoas! Fato! Mas quando se trata de Pedro, o buraco é mais embaixo! Ele não suporta esperar horas em um ambiente fechado, fica agitado, começar a gritar e a me puxar para porta com vontade de ir embora. Tenho que ter diversas cartas na manga para ir ocupando-o de tudo que eu possa imaginar Ex: lanche, brinquedos, passeios em torno do lugar onde estamos, enfim...
Mas quando essas cartas acabam...realmente a situação fica insuportável, até o meu humor vai embora.

Quando viajamos de avião tenho que pedir para sentar na fileira da frente, explico que ele fica stressado com aquele ambiente apertado, começa a gritar, e isso poderá incomadar os passageiros. Eles me atendem na hora.
Mas ontem tive que levá-lo a urgência pois está com uma tosse seca há 15 dias, quando chegamos lá, tinha umas vinte crianças na frente dele, esperei meia hora (calada) para fazer minha fichinha e nada. Não disse  que ele era autista e tinha direito a prioridade. Ele tava calminho e resolvi encarar, depois de meia hora a paciência dele já havia se esgotado e a minha também!
Liguei para outros hospitais e resolvi pedir os documentos de volta para procurar outro atendimento. Foi quando ouvi uma gracinha do recepcionista:

- Eu acho melhor a senhora esperar!
- Vou te pedir de novo, me dá meus documentos por favor, vou para outro hospital!
- Uma paciente impaciente...kkk - ele disse rindo olhando para as outras mães que tb riram
- Olha aqui meu filho, não estou perguntando a sua opinião, vc não sabe o dia que eu tive e nem o que vou ter daqui pra frente. Não sabe nada do meu filho e nem de mim! Pra seu governo nós temos prioridade no atendimento (neste momento ele começou a olhar Pedrinho procurando uma deficiência). Mas eu, a impaciente aqui, não quis passar na frente dessas outras pessoas que estão achando graça do que vc está dizendo. Portanto me dá logo isso aqui.

Saí de lá com a certeza de que não vale a pena abnegar certas coisas. E da próxima vez vamos exigir nosso direito!
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Domingo de chuva

Uma tarde de domingo dessas chuvosas, estávamos em casa. Eu atolada de trabalho, Pedro tinha acabado de acordar, abriu o armário,  pegou uma roupa e colocou em cima de mim (Esta é a forma de me dizer que quer sair!) Eu disse:

- Pedrinho, hoje nós não vamos mais sair, já fomos a praia pela manhã, agora vc vai brincar aqui em casa, tá certo?

Pedro é teimoso e rueiro, igual a mim. Quando ele começou a tirar a roupa que estava vestido eu disse:

- Pedrinho se vc colocar esta roupa sozinho eu saio com vc!

 Se sentiu desafiado, começou a colocar a roupinha de sair, sozinho. Eu parei o que tava fazendo e fiquei adimirando aquela cena, ele foi colocando peça por peça  até chegar no tênis.

Pasmen! Como num passe de mágica ele se trocou! A força de vontade foi maior do que a dificuldade que ele enfrentou de fazer aquilo sozinho. Nunca havia feito isso, ou por preguiça, ou por dificuldade ou por culpa minha mesmo. Como mãe coruja, eu superprotejo, quero fazer tudo e acabo tirando um pouco da independência dele.

O jeito foi tomar banho, trocar de roupa e ir pro shopping Riomar que ele adora!
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Rodrigo Brívio - O encantador de crianças autistas

Tem pessoas que nascem com uma missão na vida. A de Rodrigo Brívio, professor de educação física, é com certeza trabalhar com Crianças autistas. Não preciso muito falar dele aqui, as imagens falam mais do que palavras. Em março, quando voltar ao Rio, preciso conhecer este rapaz e esta academia!



http://youtu.be/nr4ag3L0Ckc

http://youtu.be/9Y0Mt9LVyBg



Academia Body Tech
Shopping Cittá América – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro
Site: http://www.bodytech.com.br/
Professor Rodrigo BrívioE-mail: rodrigobrivio@hotmail.com
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Mediador Escolar para Crianças Autistas

 Segundo orientações da Dra. Carla Gikovate, Pedrinho precisa de Facilitador ou Mediador escolar, ano que vem vamos colocar essa ´rpatica em funcionamento, mas por enquanto este ano, a babá da sala dele, Tia Gigi, está exercendo um pouco do que seria o papel do facilitador. Pedro já está absolutamente acostumado com ela e colocar outra pessoa nesta altura do campeonato seria complicado para ele. Abaixo, segue um pouco do que seria o papel do facilitador. * fonte  Site: www.carlagikovate.com.br


O papel do facilitador é funcionar como intermediário nas questões sociais e de linguagem. O objetivo é ensinar para a criança com sintomas do espectro autístico como participar das atividades sociais, como se relacionar com crianças da sua idade e o que se espera dela em cada situação. Em alguns momentos é necessário traduzir a informação auditiva (ordens verbais) em informações visuais, apontando ou mostrando figuras relacionadas com o que foi dito.

E por que é necessário alguém disponível só para isto?

Vamos partir da seguinte situação: aula de educação física.
O professor dá sucessivas orientações verbais para as crianças da turma.
- “Cada um pega um bastão e se posiciona na fila. Quando eu falar já, deve correr, bater a mão na parede e voltar para o lugar.”
A criança com dificuldade não entenderá as instruções, não entenderá o objetivo e provavelmente ficará andando ou se entretendo com algum detalhe da sala, mas fora da atividade proposta.
De repente, a criança inicia um ataque de birra que ninguém sabe por quê.
O professor interrompe a atividade, tenta controlar a criança sem sucesso e a leva para outra sala onde alguém fica “tomando conta” dela. Infelizmente ela perdeu a oportunidade de aprender novas palavras, de estar com o grupo e causou uma impressão negativa nas outras crianças que não entenderam o seu comportamento.
Agora vamos ver a mesma cena como facilitador.
Assim que o professor de educação física deu as instruções, o facilitador parte aquela informação em pequenas informações e ensina a criança a olhar para o grupo para entender o que se espera dela. Por exemplo:
- “Vamos pegar o bastão (mostrando o que é o objeto) assim como a amiga fez (e aponta para outra criança)”.
Caso a criança em questão não dirija o olhar para onde está sendo solicitado, o facilitador tem a oportunidade de dirigir o rosto da criança para que ela não perca a informação relevante. E assim sucessivamente com os outros passos da ordem dada pelo professor (“agora vamos para a fila” e mostra para a criança o que é a fila).
Como o facilitador tem a possibilidade de observar detalhadamente o comportamento da criança, ele percebe detalhes que seriam perdidos por um professor encarregado por um grupo.
No exemplo acima, o facilitador observou que o ataque de birra tinha se iniciado no momento que os bastões tinham sido jogados em uma caixa. O barulho da madeira dos bastões batendo na caixa causou desconforto sensorial (comum em crianças de transtorno invasivo do desenvolvimento) e este foi o fator desencadeante da birra.
Nesta hora, o facilitador pode intervir explicando que foi o barulho da madeira e que a criança não precisa se preocupar que o barulho já acabou. Se a situação ficar muito difícil, o facilitador pode ir beber água com a criança a ensiná-la a se acalmar.
Além disto, o facilitador poderá explicar para outras crianças que perguntarem o que aconteceu (“não se preocupe, foi só o susto que ela levou com o barulho dos bastões. Sabe, os ouvidos dela se incomodam com alguns barulhos. Mas já está tudo bem, obrigada pela sua preocupação”).

Estas intervenções sendo feitas diariamente trazem imenso benefício para a melhora do quadro de autismo (qualquer que seja o grau). Infelizmente, este atendimento 1:1 (1 profissional para 1 aluno) dentro de uma sala de aula regular é difícil de por em prática dentro da realidade da educação pública. O custo é muito alto.
Aos poucos, algumas escolas privadas estão adotando os facilitadores para estes alunos e em pouco tempo percebem a evolução.


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A busca...

Vou usar este tópico para postar o resultado de pesquisas e descobertas relacionadas ao Autismo, fruto de muita leitura e de horas na internet (em sites, blogs de pais com filhos autistas, fundações, Instituições que cuidam de Autistas).
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Borboletinha

Borboletinha
Tá na cozinha
Fazendo chocolate
Para a madrinha
Poti, poti
Perna de pau
Olho de vidro
e nariz de pica-pau...(fico em silêncio!)

Um belo dia ele completou:

 Au Au!

Cantei de novo e ele falou au au de novo. Cantei mais uma vez e passei o dia inteiro cantando só para ouvir ele falando au au. Lindo! Liguei para várias pessoas e cantava no telefone e ele completava no final. Vixe que felicidade. No outro dia acordei cantando, quando ele chegou da escola eu cantei de novo. Ele olho pra mim com a cara de quem tava sem aguentar a mesma música. Pegou o dedinho indicador e apontou para a palma da mãozinha aberta, me mostrando que queria a música do pintinho amarelinho. Claro! Cantei! E  ele dançou.

Meu pintinho amarelinho
Cabe aqui na minha mão
Na minha mão
Quando quer comer bichinhos
Com seus pezinhos ele cisca o chão
Ele bate as asas
Ele faz... (silêncio!)
Uiu Uiu ( ele disse)

E chorando eu completei:

Mas tem muito medo
É de gavião...

Depois desses dia, nunca mais ele quis cantar a borboletinha!